sexta-feira, 29 de junho de 2012

Convite Especial



É com muita satisfação que vimos, por meio deste, convidar a comunidade Santiaguense a vir assistir a um filme, neste sábado, as 17:00 no CineClio Cineclube, alocado na antiga estação férrea de Santiago.
Estará presente no CineClio um dos diretores do curta-metragem, o Professor aposentado de Educação Física Isidoro Cruz Neto e que estará discutindo o filme após a sessão. OBS. ALGUMAS FOTOS QUE SERÃO POSTADAS JUNTO A NOTÍCIA FORAM RETIRADAS DIRETAMENTE DO DOCUMENTO ALUSIVO AO CURTA-METRAGEM.

Sobre o diretor:
Isidoro Cruz Neto

Graduou-se em Educação Física, pela Faculdade de Educação Física de Santos em 1972, pós-graduando-se em Iniciação Desportiva pela Universidade de São Paulo em 1974. Atualmente é Chefe do Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Maranhão, responsável pela Disciplina Atividade Física para a Terceira Idade, componente da grade curricular do Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal do Maranhão e Coordenador Geral do PROJETO CALU, um programa multidisciplinar direcionado à comunidade afro-descente na zona rural do Município de Alcântara.

Sobre o filme que será visto:
TITULO: E A VIDA ME ALCANÇOU
DURAÇÃO: 26 MINUTOS
PRODUÇÃO E DIREÇÃO
ISIDORO CRUZ NETO E ROBERTO K-ZAU




















ESTE CURTA TRATA DA NARRATIVA DE 04 (quatro) IDOSOS MORADORES NAS COMUNIDADES DE ITAMATATIUIA E SAMUCANGUAUA, LOCALIZADAS NA ZONA RURAL DO MUNICIPIO DE ALCÂNTARA- MARANHÃO-. A PARTIR DESTES DEPOIMENTOS PUDEMOS RECUPERAR SUAS HISTÓRIAS DE VIDA E DESTAS COMUNIDADES DESDE, SUA INFANCIA ATÉ SUA VIDA ATUAL. DURANTE OS TRES DIAS QUE A EQUIPE DE PRODUÇÃO CONVIVEU COM ESTES MORADORES, MUITOS ASPECTOS DE SEUS COTIDIANOS NOS FORAM APRESENTADOS, COMO A PRODUÇÃO ARTEZANAL DOS MORADORES DE ITAMATATIUIA E A PRODUÇÃO AGRICOLA E PECUARIA DE SAMUCANGUAUA. OS NARRADORES PUDERAM AINDA DISCORRER SOBRE AS LENDAS E FESTAS QUE FIZERAM PARTE DO CENARIO DE SEU PROCESSO DE ENVELHECIMENTO EM SUAS COMUNIDADES.

















Encontrei um que, segundo o site, é do próprio Isidoro e que nos da uma dimensão global do trabalho deste.

http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/pforum/ne5.htm
br
"Envelhecer em Alcântara: breves reflexões"

O aprendizado de um “sudestino” a partir da narrativa dos velhos moradores da histórica Cidade de Alcântara do interior do Maranhão
Era rei
E sou escravo
Era livre
E sou mandado (1)

Desde quando cheguei a Alcântara, lá pelos idos do ano de 1978, tive a honra de participar da festa de São Benedito organizada pela comunidade do Município de Alcântara, localizado no interior do Estado do Maranhão. A festa sempre acontece na lua cheia do mês de agosto. Nessa grande noite o tambor de crioula toca a noite adentro e só é interrompido para a missa do domingo. Um dos aspectos que sempre me impressionou foi a presença dos velhos tocadores e das velhas coreiras. Eles se deslocam de suas distantes regiões e se “instalam” nas casas dos moradores de Alcântara.
É prazeroso ouvir suas histórias a respeito da “Festa do Preto”. Durante o dia o retalhamento das esmolas, uma grande festa, em que o papo rola solto. Para participar é preciso ser “considerado”. Alguns dos participantes eu os conheço desde quando aqui cheguei, e lá se vão mais de vinte e sete anos, tempo de se criar uma geração. Por meio de algumas destas pessoas, que se tornaram para mim uma ramificação familiar, minha vivência tem sido reconfortante nesta linha do Equador. Quando as conheci o tempo já cuidava de maltratá-las no seu dia a dia, fosse a sua roça de maniva ou a peregrinação pelas ruas da cidade indo e vindo ao encontro do seu tempo de vida. Paralelamente a este passar-de-tempo, nos embebedemos com o vasto panorama emoldurado pelo casario da arquitetura colonial presente no local.
Hoje, a população de Alcântara - assim como de todo o estado do Maranhão - é predominantemente negra, algumas heranças culturais somente neste rincão se encontram: o cacuriá e a dança do coco, na religiosidade a mina-jeje, da região do Benin, nas iguarias culinárias o arroz de cuxá, e por aí se vai passando a limpo nossa história afro-descendente.
Este “sudestino”, que em março dos fins dos anos setenta, mais precisamente, dia 13 de março de 1977, resolveu “armar” sua barraca de existência e por aqui decidir envelhecer, um lugar para poucos privilegiados, ouviu muitas histórias. Por exemplo, ao chegarmos à Praça da Matriz no centro da cidade, nos deparamos com a presença do Pelourinho, mas o lugar original de sua edificação, segundo contam os mais velhos, situava-se na Rua da Amargura, onde a cidade começou a ser construída. A partir do episódio de “extinção” da escravatura o monumento fora enterrado, uma forma de se ocultar da nossa história o equipamento de tortura dos negros que não se conformavam com sua animalesca condição de ser humano inferior que aquele período lhes reservara. Esse momento fora presenciado por uma criança negra, na época com cinco anos de idade, e sessenta anos depois, por meio de um sonho, Mãe Calu, uma escrava alforriada, lembrou-se do local onde o fato acontecera e graças a este lampejo de sua memória, constatamos que historicamente esta “aprazível” localidade tentou ocultar o lado “branco” do período colonial de nosso Brasil.
Os velhos negros da cidade de Alcântara cultivam até os dias atuais a crendice pela cura por meio das ervas. Foi por aqui que descobri que, por exemplo, o “vick” e o “anador” são cultivados nos fundos de seus quintais e não adquiridos nas farmácias. Descobri também que o chá da cabacinha é bom para regular o ciclo menstrual das moças de fino trato e que o mastruz macerado com leite é um santo remédio inflamatório.
Ouvir os relatos das histórias de vida dos velhos daqui, suas crendices, suas memórias, é, para mim, momentos mágicos, como um descortinar-se de um filme longa metragem, seja nas entrevistas, nos papos no bar do Benezinho, nos passeios de barco com “Seu” Peó, nas caronas na carroça do Banhudo, nos aconselhamentos do Seu Moacir e do “seu” Edimar, nas pinturas do “seu” Orlando, nas receitas da Marlene e nas risadas da Anica, a vida está eternamente passando. Aliás, o tempo está passando desde quando comecei a escrever essas poucas linhas e para vocês quando começaram a lê-las. Parodiando o cantor e compositor Djavan,

O tempo não para na esquina
Não apita no porto
Não espera ninguém.
[1] Versos de Milton Nascimento da peça Maria, Maria, encenada pelo grupo O Corpo nos anos 70.


Contamos com o apoio da comunidade para que esta ideia seja super interessante.

Nosso muito obrigado a todos que comparecerão.

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